[RP FECHADA +18] I'll kick your ass

Arredores do New Orleans;
00:27 am;

A escuridão noturna se mostrava um inimigo desafiador para os caçadores e o velho binóculo já não desempenhava tão bem o seu papel. Bahati forçou a visão para focalizar a porta do galpão que servia de ponto de encontro de possíveis vampiros e percebeu que havia pelo menos uns sete reunidos dentro do recinto. Segurando o binóculo com a mão esquerda, a mesma usou a destra para socar o braço do colega de profissão e chamou a atenção do polonês para os homens. Ela entregou o objeto para o mesmo, que por sua vez resmungou algo que ela não conseguiu entender.

— Você acha que só há sete deles? E por que eles parecem tão calmos? — Jesse sussurrou e semicerrou os olhos de forma concentrada para os homens, enquanto Bahati observava o entorno abaixo da cobertura onde estavam escondidos. — Eles arrombaram esse galpão! Merda, faz uns seis meses que eu peço lá no departamento permissão para vir aqui treinar em paz e eles nunca permitem. – o mesmo sussurrou incrédulo e repassou o objeto para a africana. A Nzeogwu apenas torceu os lábios e encarou os homens de forma pensativa.

— Acredito que sim, eles estão tão confiantes que já chegaram ao ponto de esperar que ninguém tenha a audácia de confrontá-los. — ela respondeu ao rapaz e voltou a olhar pelo binóculo. — O detetive Pomerey conseguiu esse local para treino para toda a equipe dele. Talvez alguém no departamento não vá com a sua cara. — ela replicou o comentário do amigo e riu baixo do seu ar de frustração.

De forma rápida e silenciosa, a policial moveu-se um pouco para frente, arrastando-se pelo chão de terra batida e com isso conseguiu ter nova perspectiva do interior do galpão através de uma janela que ela não havia notado antes. O vislumbre dos seres era privilegiado e a morena anotou mentalmente que todos eles estavam aparentando estar na faixa de 20-40 anos, nem mais e nem menos, e em sua totalidade homens brancos e de estatura mediana a alta. Forçando a visão através do binóculo, ela notou que havia uma mulher dentre eles.

— Jesse... — ela sussurrou chamando o nome do amigo, mas não obteve resposta. Ao olhar para o lado notou o polonês imóvel feito uma pedra e notou um rastro fino de sangue escorrendo por seu pescoço. Sua mente começou a trabalhar de forma rápida e só havia uma única possibilidade possível que passara por sua cabeça: Haviam sido descobertos. Porém, Bahati não teve tempo nem de pensar em fugir, uma dor lancinante atravessou sua nuca e o último vislumbre de algo foi o vulto de corpo aparentemente masculino..


Um forte sacolejo fez com que Bahati despertasse. Sua vista escura e a dor de cabeça forte lhe deram a entender de que ela havia sido golpeada. Gemendo de dor, a caçadora forçou seu corpo para o lado e com dificuldade conseguiu sentar. Ao seu lado, Jesse ainda se mantinha inconsciente e erguendo ela deu dois moderados tapas no rosto do mesmo, o fazendo acordar de forma assustada. Umedecendo os lábios, a morena exigiu que seu corpo agisse conforme o que era esperado devido ao seu treinamento.
Primeiro ela buscou reconhecer o ambiente. Estavam presos em um carro, disso ela tinha certeza, e parecia ser um carro forte de uso militar. Ela tentou se levantar, mas o movimento curvilíneo do carro a fez cair sentada novamente e o segundo reconhecimento lhe deu a entender que estavam em movimento. Mas para onde diabos eles estavam indo? E o mais importante: Quem estava os levando?

A pergunta seria sanada logo, pois o carro freou abruptamente fazendo ambos rolarem pelo chão metálico do veículo. As portas duplas foram abertas e tanto ela quanto Jesse foram puxados pelo fardamento com brutalidade e arremessados ao chão com força. O ar faltou em seus pulmões e de forma rápida, suas mãos voaram até o coldre, mas como havia imaginado, estava desarmada. Seus olhos procuraram o agressor de forma ávida e ela se surpreendeu ao notar quem era, mesmo ele estando com o rosto oculto por uma máscara escura. Mordendo o lábio ínfero, a mesma revirou os olhos e sentou no chão de terra com dificuldade.

— Não sabia que você havia virado cachorrinho de vampiros. Tudo bem que você nunca teve escrúpulos, mas descer tão baixo... — ela exclamou e recebeu um forte soco em resposta. O gosto metálico do sangue espalhou-se em sua boca como o açúcar de um algodão doce e ela cuspiu o sangue aglomerado na boca no chão próximo aos pés do homem. Com um riso de escárnio a mesma levou a mão ao queixo atingido e o olhou nos olhos. — Você sempre teve um péssimo gancho de esquerda. Tenta com a direita na próxima vez. — ela o provocou e o homem tirou a máscara, a fazendo encarar o rosto deformado do ex-caçador, Connor Fitzgerald. O homem socou novamente a face da caçadora e ela riu mais uma vez, exibindo o sangue nos dentes. — É incrível pensar que há apenas dois meses você estava apanhando junto comigo dos mesmos vampiros para os quais agora você trabalha feito uma cadelinha. Mas você nunca foi muito inteligente, não estou nem um pouco surpresa. — ela o provocou e ele ergueu o braço para desferir outro soco nela, mas dessa vez a morena interceptou o braço do homem e erguendo seu corpo, ela girou o braço do mesmo até o torcer em suas costas e pisou em sua cabeça. — Você sempre foi estúpido, Connor. Estúpido e um péssimo caçador. Por isso você perdeu seu parceiro, não foi culpa minha, foi exclusivamente sua e unicamente sua. — ela exclamou e pisou com ainda mais força na cabeça do homem.

Um som de disparo foi captado por Bahati e ela se jogou ao chão rolando para detrás do carro, a forçando no processo ela a largar o braço de Connor. Seus olhos voaram em direção a origem do disparo e ela viu Jesse segurando uma pistola. Os olhos de Bahati transmitiam fúria e ela percebeu que havia sido enganada pelo parceiro desde o início. Batendo com força a cabeça no metal do carro, a caçadora começou a ter um acesso de riso. Como havia sido burra.

— Ah... Eu devia ter imaginado... — ela iniciou e o olhou o rosto impassível de Jesse. — Se vendendo também como uma cadelinha, Jesse? Sério? Isso foi por que ninguém quis lhe dar a porra de uma permissão? Seu moleque mimado do caralho. — ela cuspiu no chão e seu rosto se contorceu de raiva quando ela começou a andar em direção ao polonês. — O que vai fazer seu merdinha? Vai me matar? Você sabe que se me matar, você vai ser achado em um estalar de dedos. — ela ficou frente a frente a arma que o caçador tremulamente erguia. — Você me dá nojo. Aliás, vocês dois. — ela ergueu o olhar para Connor e cuspiu no chão, este por sua vez se aproximou e chutou as pernas da morena de maneira furiosa, a fazendo se prostrar diante de Jesse.

Bahati riu diante da possibilidade daquele ser  o seu fim. Seria morta perante uma traição de dois parceiros de longa data, que por burrice resolveram se voltar contra seus antigos príncipios, alegando falta de credibilidade e confiança. Jesse estava prestes a puxar o gatilho, mas o som de uivos ressoaram no ar e o medo de ser caçados por lobisomens foram maior que a vontade de matar a ex parceira e Connor fugiu, levando Jesse em seu encalço..

Um suspiro profundo escapou dos lábios da Nzeogwu e ela ergueu-se olhando ao redor  a procura de sua arma, mas naturalmente não a encontrou e com um acesso de raiva chutou o pneu da van. Do horizonte, ela percebeu o nascer do dia com o amarelo avermelhado do sol e suspirou frustrada sabendo que teria poucas horas de sono para repor a decepção que a noite lhe trouxera.


Bahati era caçadora desde que se entendia por gente, mas ser policial foi uma vocação que descobriu ao longo dos anos. Sendo caçadora já conhecia o sentimento de proteger e servir a um bem maior e decidiu aliar a carreira militar a sua primeira profissão, tornando-se uma cadete da polícia de Nova Orleans aos seus 19 anos. Criada pelos von Spázary, Bahati era aquilo que se chamava “arma humana”, sabia usar quase todos os tipos de armas de fogo e era íntima de armas brancas, assim como mantinha um amor especial por uma besta herdada de sua mãe. Suas habilidades excepcionais não passaram despercebidas por seu departamento e ela sempre era elogiada por seus superiores, agregando ainda mais a seu currículo promissor.

Apesar da noite agitada e da quase morte iminente, Bahati sentia-se particularmente agitada. Neste fatídico dia, ela trabalhou o dia inteiro na rua, realizando prisões e vistorias e só retornou ao departamento no cair da noite. Soube por seus colegas que todos os policiais do departamento pareciam já conhecer o novo chefe, todos, exceto ela. Decidiu não postergar mais e com isso a africana ajeitou sua farda, se encaminhando em direção a sala do homem. Com duas batidas firmes, abriu a porta e se deparou com o chefe mais jovem que tivera em seus cinco anos de serviço. O policial Drake não era só jovem, ele parecia ser muito jovem e aquilo despertou interesse em Bahati, que viu ali a possibilidade de crescer ainda mais na carreira, apesar da pouca idade. — Senhor. É uma honra o ter aqui no departamento de polícia de Nova Orleans. — ela saudou o homem e manteve-se de pé diante da mesa do mesmo. Percebeu sua ficha aberta na mesa do mesmo, assim como o seu olhar indiscreto passeando por seu corpo e logo a postura de admiração, passou a ser uma postura rígida. Ouviu os elogios ditos pelo mesmo e forçou um sorriso. — Obrigada, senhor. — agradeceu ansiosa para sair dali, mas aparentemente seu chefe tinha outros planos. O homem se levantou e passou por ela, instigando-a o seguir até o local de treinamentos. Aparentemente o oficial Drake gostava de ver na prática a habilidade de seus subordinados e é claro que Bahati não seria exceção a regra. A ideia repentina de socar o rosto alvo do homem fez a africana sorrir de ansiedade. Ele estava trajando uma regata branca e ela achou justo retirar o fardamento e ficar com a regata que usava por debaixo.— Como cortesia de sua chegada, estarei lhe concedendo o primeiro golpe, mas não acostume. — a mulher resolveu brincar, esperando que ele acatasse e lhe golpeasse. Com sorte, ela o interceptaria antes mesmo dele atingir seu rosto.