Depois de alguns dias fora daquele inferno, em pouco tempo o homem descobriu quem era seu pai e ainda por cima descobriu que tinha uma irmã por parte do mesmo. Mas que diabos em, setecentos anos preso, quando saio, papai tem uma filha, enquanto ele seguiu preso sua vida inteira, achara um tanto injusto, porém parte daquilo era culpa de Amber, qual mentiu a vida inteira. Ele não se arrependera nenhum segundo em ter matado aquele maridinho de quinta da mulher. Era um tonto e pau mandado.

Ainda podia sentir dores pelas mortes da família, o que era uma merda aos seus olhos, Melik devia dar um jeito logo naquilo, pois a dor era um tanto insuportável e o incomodava em um certo nível que nem sabia explicar.

Dormira mal, ou nem dormiu quase, passou a noite perambulando pela cidade, pensando se devia ou não fazer aquilo, se recarregou com bolsas de sangue já que por hora preferia não matar ninguém, o que era difícil para o homem, tantas veias pulsantes perto de si e não podia retirar nenhuma gotinha, era sofrido.

- Uhh, ainda estou bom nisso - Disse batendo as mãos na calça para limpa-las depois de ter pulado o muro da grande mansão de Louise, sua madrasta? Não tinha rótulo, mas devia ser isso.

- Ual, você é uma princesinha bonita - Comentara enquanto se aproximava da pequena - Eu não achei o portão, acredita? Desculpe-me por esses modos, estou me adaptando ainda - Com certeza a parte de adaptar era verdade, ele ainda estranhava aquelas roupas, aquelas casas, tudo, não fora acostumado com isso, então era bem doido, porém sabia distinguir um portão, estava apenas enrolando a menina.

- Eu sou um amigo da sua mãe, Louise - Disse para passar firmeza para a menina - Ela pediu para que eu te levasse conhecer um pouco o mundo lá fora, ela mesma faria isso, mas.. Eu posso garantir uma proteção melhor, para que nada de mal lhe aconteça - Afirmou se abaixando na altura da menina, o que fora um erro, ele só conseguia pensar no gosto do sangue dela, por mais que fosse valioso, ainda sim era bom. "Andrew, pare", ela era apenas uma menina, não que isso fosse problema antes, mas ele conseguia ver alguns traços de Dylan em seu rostinho pequeno, seus olhos então, lembrara muito o de seu irmão. Ficou paralisado por alguns minutos e logo se levantou - Bom.. Que tal um sorvete mocinha? - Perguntou em meio a um suspiro - Posso te mostrar como pular o muro.. Assim você sai e não é notada, por quem quer te fazer mal, sua mãe sempre fez isso, sabia? Aliás, meu nome é Andrew e é um grande prazer te conhecer.

Caminhava com ela até o muro enquanto isso prestava atenção em tudo que a menina dizia - Bom, sua mãe teve seus motivos, mas agora isso não é mais necessário - Era meio difícil não falar para a menina sobre Eliot, porém quem devia fazer isso era Louise e ele, o homem não iria se meter nisso.

-  Eu diria que, é um exagero trancar os portões, mas não posso dizer muito, sua mãe é uma mulher espera - Logo o homem se ajoelhou como se fosse pedir alguém em casamento e estendeu as mãos - Vamos lá, suba e se apoie, pode pisar nos meus ombros também - Comentou esperando que assim ela fizesse.

- Fiquei sentada lá em cima até eu subir viu, não vai se machucar, por favor - Pediu ele com um sorriso tranquilo no rosto. Assim que ela estava lá em cima o mesmo assim fez também, usando um pouco de sua força, porém disfarçadamente para que ela não percebesse - Viu, não é difícil, com um empurrãozinho todo mundo se da bem - Brincou e desceu do muro que dava em ma rua vazia  - Venha princesa - Pediu lhe oferecendo as mãos para pega-la no colo e coloca-la no chão.

- Vem, por aqui - Disse caminhando agora para onde tinha movimento e um pouco mais a distante a sorveteria estava lá - Podemos tomar um sorvete e ir no parque depois, ou ir fazer compras, o que acha? Ou melhor, o que prefere? - Era estranho, o homem não sabia como reagir perto dela, nem sabia se falava a verdade, por mais que ele quisesse, isso era direito de sua mãe, pois ao contrário da própria mãe, Louise só estava tentando proteger a filha, não era dever do moreno prejudicar a relação das duas, porque por mais que ela ainda tivesse seus dez anos, ela era bem esperta e com certeza, ficaria chateada com a mãe. - Agora.. Me conte mais de você, seus pais moram juntos? - Perguntou curioso, esperando para ver qual seria a resposta e se essa seria boa ou não, quem sabe ela tinha um "pai".

Realmente era aquilo que ele já imaginava, ela não sabia nada sobre o pai, ou melhor, não tinha um, aquilo era tão.. Respirou fundo escutando tudo que ela falava enquanto os dois andavam em direção a sorveteria - Bom, sabe... Eu também não conheci meu pai.. - Disse e logo o silêncio tomou conta da conversa.

O homem estava tão irritado, por diversos motivos, porém não podia fazer nada, nem se alimentar direito podia - É aqui - Disse apontando para a sorveteria. Era um local grande, com diversos tipos de sorvetes, diversas coisas coloridas, tudo que uma criança gosta, ou deve gostar - Vai, faça a festa - Disse com um sorriso um pouco fraco no rosto e então adentrou no local em seguida dela.

Dava para ver que a menina estava encantada com o lugar, o homem achava até engraçado, dez anos dentro de casa? Que merda. Não que aquilo também não fosse novidade para ele, não fosse diferente, pois era, muito até, antigamente não tinha nada daquilo, eram tantas coisas, pois ele não via necessidade em conhecer também. Em seguida Andrew pegou um sorvete de palito mesmo, de chocolate - Eu vou.. - Deu uma pausa tentando se segurar ao máximo - Esperar ali, fica a vontade - Assim que ela assentiu ele usou sua velocidade para ir ao banheiro, onde descarregou.

- Ahhh! - Resmungou largando o sorvete no balcão. Novamente sua família atacava, fazendo-o sentir uma dor insuportável. Seu sangue começara ferver de raiva, dor, tudo ao mesmo tempo. - Ta olhando o que? - Sem dar chance que o homem se explicasse ele enfiou os dentes na jugular do mesmo, ao mesmo tempo que aquilo doía, era a melhor sensação do mundo. Não o mataria para não doer mais do que o devido, empurrou o corpo do homem contra a parede - Não vai lembrar quem fez isso, nem do meu rosto, sou apenas um estranho - Ele odiava ter que hipnotizar os humanos, mas fora necessário.

Limpou a boca antes de sair do banheiro, sem ligar se a camisa estava suja ou não e voltou para o lugar combinado com a garota, avistou ela de longe, nada lhe aconteceu, graças. - Ufa!

where is it?

Louíse sabia que desde o dia em que Eliot apareceu na mansão e descobriu sobre a filha, além de logo após Andrew ser solto, seu “sossego” quanto a Pandora havia acabado. Para alguns era maldade manter a pequena em casa e somente lá, mas como uma mãe zelosa, a herege precisava ser drástica quando a segurança de sua única filha.  Inúmeros feitiços de proteção foram feitos para que Pandora ficasse segura e oculta, não era por Eliot, ela tinha certeza de que o lobo cuidaria da pequena, porém não sabia das intenções do filho mais velho dele. Andrew havia sido solto e obviamente Eliot lhe contou sobre Pandora.

A mulher estava tranquila, ainda procurava em inúmeros feitiços, localizar seu irmão Adam, porém aquela altura ela pensava que o próprio não queria ser achado. Em um momento de colapso, com tantas coisas acontecendo, como sempre Adam era egoísta e só pensava em si, então decidiu largar o seu coven que era ameaçado e isso incluía a segurança de Pandora... PANDORA! A Herege havia ficado tempo de mais concentrada em encontrar os feitiços certos que havia perdido a noção de tempo e que Pandora estava quieta demais. Engraçado, a maternidade lhe mostrou que crianças quietas nunca são coisas boas, hora inundava o banheiro com a pia ligada até transbordar ou rasgando papiros antigos, perdendo rünas, enfim, ser mãe era ter o que fazer sempre.

Caminhou até o jardim, onde havia visto a filha pela ultima vez, mas até então estava calma, o problema foi quando todos na casa passaram a procurá-la e ela não estava em lugar algum. Louíse sentiu o gosto amargo na boca e o desespero começou a tomar conta, porém não poderia jamais transparecer, mesmo que sendo sua filha, ela não podia se dar ao luxo de parecer frágil perante os demais.

— Achem os feitiços de localização e levem ao quarto de Pandora! —  pediu gentilmente a uma das bruxas, que logo já empilhava vários livros e pergaminhos. A herege caminhou ate o quarto e em um único momento permitiu-se desabar, o choro baixo foi cessado assim que os passos da outra bruxa foram ouvidos ao longe. — Senhora, aqui estão! —  a mocinha disse, entregando os livros, que foram espalhados pelo chão. —  Obrigada Eleonor, agora, deixe-me.

Assim que ouviu a porta ser fechada, Louíse fora direto a um livro específico, seu grimório particular. Procurou por pouco tempo, ate que finalmente o feitiço de localização reluzia. Agradeceu mentalmente  a jovem bruxa que alem dos livros, trouxe velas e um mapa de Salem.  Como haviam feito inúmeros feitiços para ocultar a pena, precisaria de um feitiço forte o suficiente que quebrasse essa “barreira”. Afastou os livros e esticou o mapa da cidade, retirou de seu colar o eixo de suspensão (pêndulo) — Irascitur detruire — disse e as velas se acenderam, agarrou uma das bonecas preferidos de Pandora e esticou a mão que segurava o objeto sobre o mapa, canalizando seu poder vampiresco, fechou os olhos e deu inicio a localização — Cherko ils serachi. Cherko ils serachi. Cherko ils serachi Cherko ils serachi. Cherko ils serachi. Cherko ils serachi—repetiu, abrindo seu olhos e observando para onde pendulo apontava. — Como ela saiu?. Já com a localização de sua filha, não foi difícil achar sua filha em uma sorveteria mas o que mais lhe chocou foi com quem ela estava.

— Ora,Ora— entrou no estabelecimento, novamente não poderia fazer ou falar como realmente queria, as aparências seriam por Pandora, já Andrew, com esse ela se resolveria depois.
— Pandora, porque  me desobedeceu? — questionou a pequena assim que a pegou no colo. — Eu não poderia imagina o que fazer se algo acontece a você! — disse, com a voz chorosa. Colocou a menina no chão, e voltou-se para Andrew — Mal foi liberto e decidiu que é hora de machucar crianças, Andrew? — aproximou-se do híbrido — Porque ao invés de pegar crianças não vai atrás de alguém do seu tamanho? — cuspiu as palavras, pegando a mão da pequena.
— Vamos Pandora, já passeou, hora de voltar para casa.

Grimório- Feitiços Usados: