As vezes as escolhas da vida não são bem aquelas que mais nos identificamos e esse é o caso de Kai. O rapaz não é muito ligado a vida e mesmo assim, desde que chegou a New Orleans, está trabalhando no hospital, mas não se engane ele está longe de fazer caridade ou filantropia, suas intenções são simples e estão longe de serem as mais puras. Durante os nove séculos em que viveu o rapaz fez de tudo na vida, inclusive a faculdade de medicina. Seu rosto jovem o faz parecer sempre o residente, mesmo sabendo mais do que muitos médicos experientes. Dizer que ele não possuiu uma fortuna seria um eufemismo, já que depois de praticamente um milênio sobre a Terra, tudo o que acumulou seria suficiente para nunca mais ter que trabalhar, mas...

... ali estava ele, trajando o jaleco branco com o nome falso, já que Kai Dorner é de fato seu nome verdadeiro, caminhando pelos corredores do hospital, acenando para os funcionários e para alguns dos pacientes. Precisava ir para a última hora do plantão, sequer se lembrava quanto tempo havia passado dentro daquele hospital... dez, doze ou vinte horas? Ele sequer tinha ideia, sua vida estava completamente sem horário — uma coisa que o bruxo siphoner adorava fazer —, sempre que se mudava para uma nova cidade Kai fazia questão de viver em horários loucos, completamente fora do convencional, apenas para que pudesse ver como as coisas eram verdadeiramente. Afinal, depois de viver eras se descobre que a vida acontece nos horários mais incomuns.
 
Ele abriu a porta do consultório e sentou-se no seu lado da mesa, o notebook já estava aberto e com apenas alguns toques no teclado o sistema anunciou que o paciente deveria entrar na sala, levou cerca de cinco minutos para que o homem entrasse na sala, a primeira coisa que Kai notou era como o mesmo era bonito, tinha um corpo grande e aparentemente musculoso, o bruxo mordeu o lábio inferior de modo a mostrar sua atração pelo homem.  — Sente-se, senhor Nicols. — Disse apontando a cadeira para o homem. — Bem, o senhor está sentindo dores no peito? — Era uma ótima oportunidade para que Kai pudesse apalpar o corpo do homem.
 
O homem confirmou e disse que também sentia dores nas costas. — O senhor poderia e sentar na maca e retirar a blusa. — Observou o homem caminhar e ir até a maca, analisou cuidadosamente o mesmo retirando a blusa e viu o corpo escultural do loiro, o pênis entre suas pernas deu sinal de vida, porém não podia se dar o luxo de ser pego no ato com um dos pacientes, por mais que quisesse. Olhou mais uma vez para o relógio e ainda faltava pouco mais de quarenta minutos para o termino do expediente. Quando o homem mostrou todo o físico abençoado pelos deuses, o médico se levantou e seguiu até o mesmo. — Apenas olhando para suas costas é possível ver que há um hematoma, logo abaixo da omoplata.  —  Kai sabia que a dor do peito era irradiação do hematoma das costas, colocou a mão sobre a parte em questão. — Eu posso curar isso para você. — Por mais que sua mente ansiace por estar dentro daquele homem e sentir tudo o que o mesmo tinha a oferecer, não era o lugar próprio.
 
É claro que não saíria dali sem que o outro estivesse a sua disposição. — Ettore mentalis comandium. — Deixou que a magia, acumulada em seu anel percorresse seu corpo, fazendo com que ele fosse capaz de controlar a mente do paciente. A sensação da magia percorrendo seu corpo era uma das melhores que ele poderia descrever, tão boa quanto o próprio ato sexual, anestesíado pelo homem e pelo feitiço, o bruxo sorriu. — Você irá transar comigo, ah vai, você vai gostar disso e eu vou fuder esse seu rabo gostoso. Mas só depois que eu sair daqui, antes eu vou apenas chupar esses seus mamilos e sua rola e você vai gostar, se for um bom menino vou aliviar as suas dores... — Com a mente do humano suscetível graças ao feitiço, ele tinha plena ciência de que suas palavras seriam gravadas na mente do outro e seriam obedecidas. Deu um beijo em Nicols e colocou a mão sobre o pênis do outro e o levou até a cama, tirou com cuidado a calça vendo a cueca box preta, o volume era avantajado.
 
Kai levou sua boca até o mamilo do loiro enquanto a mão deslizava sobre o restante do peitoral, depois de alguns minutos o bruxo levou a mão até a parte que realmente lhe inTrishava e depois que o pênis estava duro ajoelhou e o levou até a boca. Os minutos passaram voando enquanto Kai aleternava entre chupadas, punheta e batidas no membro viril do paciente, quando o homem estava prestes a chegar ao ápice, o bruxo fez uma garganta profunda e deixou que ele esporrasse dentro de si. Enquanto o homem se vestia, o bruxo limpava a boca, com as costas da mão. Seu feitiço mental ainda estava ativo e por isso poderia terminar o que havia começado. — Esqueça tudo o que aconteceu aqui hoje. — O homem piscou algumas vezes. — Tome algumas doses deste remédio, a quantidade está na receita. — Kai pegou uma receita de acetaminofeno  e entregou para o loiro.


Os olhos azuis de Kai estavam fixos em um ponto do bar, olhava para a enorme janela de vidro do outro lado, esperando o momento em que sua mente fosse tragada de volta a realidade. O copo na mão do siphoner, estava na metade, o líquido fora sorvido minutos antes. Naquele momento não havia muita coisa inTrishante para se fazer, além de beber e olhar suas vítimas, é claro. Dorner tinha seus planos, não se curvaria a nenhum líder ou qualquer outra pessoa que pensasse que poderia lhe controlar. Há séculos deixara tudo para trás, assim como qualquer opção de seguir alguém. O único que, talvez, pudesse obrigá-lo a fazer alguma coisa era Amos e mesmo assim, o vampiro estava apriosiado em uma cela nos confins do mundo. Deivdo a sua ligação, Amos era precioso demais para ficar livre e encontrar a morte. Já Kai, poderia simplesmente escolher não fazer nada, mas sua mente desejava mais e mais poder.

O homem, em corpo de menino, pegou o celular, olhando aleatoriamente as notícias, quando uma lhe chamou a atenção, o siphoner então abriu a mesma e leu o conteúdo. Kai não era um ser idiota e conhecia muito bem as regras do mundo sobrenatural. O acordo de paz cedo ou tarde iria acabar e bruxos iriam virar contra os vampiros como sempre fizeram, e com a revelação de sua espécie eram os maiores alvos, se havia algo que os bruxos odiavam tanto quanto os próprios vampiros eram os siphoners. O pensamento o fez apertar o copo em sua mão, a raiva se fazendo presente, o leve som do vidro se partindo o fez afrouxar a mão, o copo ainda intacto mas já fragilizado pela forma extrema do vampiro secular.

O siphoner bebeu o final de sua bebida, voltando a encarar  a janela, na vã tentativa de ver algo que pudesse lhe trazer mais prazer do que raiva, sentia a ira em seu corpo, poderia matar cada um dos presentes naquele maldito bar, apenas para distrair do que havia pensado. Precisava encontrar um modo de não ser atingido pela ganância e guerra das outras raças e acima de tudo precisava de algum modo de se encontrar com aqueles que detinham o maior poder. Unir-se aos mais poderosos era a sua melhor chance de vitória.

Perdido em seus devaneios Dorner nem mesmo percebeu a mulher que passara no vidro. Sua história em comum, não tão antiga, mas já de anos, que remetiam a pouco mais de um década, a mulher era forte e poderosa. Kai sabia que ele e Trisha tinham o mesmo destino, eram ambos amaldiçoados com um poder muito maior do que aqueles que lhes tocaram a maldição. Somente, quando Trisha entrou no bar e sua magia fez-se presente para si, fora que o homem enfim a percebeu. Virou-se para a entrada, encarando a bela mulher, levou o copo à boca, havia sido cheio novamente em algum momento durante os devaneios do bruxo. O gesto fora o suficiente para que ela o percebesse. — Como vai, Trish? —  Perguntou com seu tom de mais puro sadismo.

Haviam muitas coisas que um ser humano poderia fazer, sendo apenas humano a finitude das coisas raramente era questionada, apenas o desejo de realizar aquilo que qualquer outro diria ser impossível, isso para humano é claro; quando se é um imortal e poderoso isso muda de figura, a inexistência de limites, se para um simples humano a vida poderia ser imensamente prazerosa, para um ser como Kai se mostrava um verdadeiro antro de prazer, não apenas o sexual, mas todos aqueles que por mais ínfimo que seja fora negado ao ser humano.

Kai por sua vez não era o tipo de pessoa que simplesmente aceitava qualquer coisa que lhe fosse imposta, séculos antes sua alma fora corrompida, graças ao desejo de sua avó de ser mãe; assim como a própria mãe, Kai conviveu com alguém dentro de sua cabeça, uma voz lhe guiando para além das trevas, mas ninguém esperava que o jovem Kai Dorner fosse não apenas gostar, mas sim tornar-se um com o próprio ser que co-habitava seu corpo. Mas ali estava ele, vivo, mais poderoso que nunca e um ser temido por todos aqueles que atreviam cruzar seu caminho. O bruxo então virou-se para o barman. — Mais uma dose para mim e uma para ela. —

Grimório: